Vamos entender melhor o que é o ILIB e Laserterapia Sistêmica?
Para começar, o ILIB, que significa “Intravascular Laser Irradiation of Blood” é uma técnica que foi desenvolvida na Russia, e seu modelo original – que ainda hoje é realizado – consiste na introdução de um cateter intravenoso com uma fibra óptica de luz Laser no comprimento de onda vermelho acoplada para a radiação de forma contínua e direta sobre o sangue.
A técnica modificada, ou simplesmente “Laserterapia Sistêmica” é a técnica que realizamos aqui no Brasil. Ela tem o mesmo objetivo de irradiar o sangue mas é realizada de forma transdêrmica ou transcutânea e sua penetração e alcance se devem a modernidade dos novos equipamentos de Laser cuja potência é quase que cem vezes maior que a utilizada na técnica original, somada a grande vantagem de não ser invasiva e de fácil aplicação.
O Laser de Baixa Intensidade é um equipamento que emite luz, ou seja, uma radiação eletromagnética, e essa energia luminosa absorvida por estruturas chamadas cromóforos é utilizada nos processos químicos celulares (fotoquímica).
Por ser um mecanismos energético e não farmacológico os efeitos clínicos são variáveis de acordo com as alterações presentes em cada indivíduo. A energia só é absorvida se for necessária, em indivíduos com seu estado redox alterado, e se não for absorvida perde-se pelo espaço sem prejuízo a nenhum órgão ou estrutura por onde passa. Os resultados clínicos desta forma são amplos e mais visíveis em pacientes mais comprometidos.
A Laserterapia Sistêmica contempla a irradiação de todo o sangue do indivíduo, uma vez que o tempo de tratamento é adequado a idade e peso do paciente e claro ao local escolhido pelo profissional para a realização da técnica. Entre as opções estão a artéria radial, pediosa, poplítea, carótida, região sublingual, etc. A frequência das sessões depende do tratamento e é estabelecida de forma individualizada por um profissional de saúde Laserterapeuta. É importante salientar que cada doença deve ser tratada pelo profissional responsável pela especialidade, evitando assim erros de tratamento, ou eventuais efeitos indesejados da técnica.
A irradiação sanguínea promove a normalização das propriedades hemorreológicas do sangue melhorando a viscosidade sanguínea, aumenta a biodisponibilidade de NO (óxido nítrico) que entre outros tantos benefícios contribui para a melhor funcionabilidade vascular e normalização da pressão arterial além de normalizar o transporte de oxigênio pelas hemácias. Ainda, normaliza a ação da hemoglobina no tamponamento do sangue, o que contribui para a reativação de enzimas anti-oxidantes endógenas como a SOD (superóxido desmutase) levando à homeostase ácido-base sanguínea.
A luz também tem ação direta sobre células de defesa circulantes e seus efeitos imunomodulatórios apesar de temporários ajudam o organismo no combate a diversas situações clínicas como por exemplo a gripe.
O maior benefício portanto é a promoção da homeostase ácido-base sanguínea o que garante o funcionamento de todos os processos fisiológicos saudáveis do organismo.
A técnica desta forma leva o indivíduo ao seu funcionamento ideal, e os efeitos como melhora na qualidade do sono, relaxamento ou energização, redução na dor, redução no edema, equilíbrio hormonal ou até a potencialização da ação dos medicamentos é facilmente percebido após a técnica.
Sem dúvida os benefícios da Laserterapia Sistêmica somados as características de ser uma técnica não invasiva, simples e rápida atraem muitos profissionais de saúde, e principalmente os pacientes que são os maiores disseminadores desta técnica.
A técnica tem várias indicações clínicas, como:
- Recuperação cirúrgica
- Tratamentos odontológicos
- Stress, Insônia e fadiga
- Drenagem linfática
- Rejuvenescimento
- Complicações diabéticas
- Asma, bronquite e problemas respiratórios
- Complicações cardíacas e vasculares
- Recuperação de atletas e performance física
- Artrite, fibromialgia e outras doenças inflamatórias
Assim como todas as técnicas, sim, existem efeitos indesejados. O seu uso em pacientes crônicos por exemplo, exige um total conhecimento da técnica pelo profissional de saúde uma vez que o mesmo deve ajustar as doses dos medicamentos utilizados com a frequência e dose da Laserterapia Sistêmica. Efeitos como taquicardia, hipotensão, exacerbação da lesão e até picos de hipertensão que expõem o paciente a riscos ainda maiores entre outros efeitos são relatados quando o paciente está realizando a técnica sem o correto acompanhamento profissional. Outra polêmica é por exemplo a sua realização em pacientes com tumor ativo em tratamento oncológico: ainda não tem embasamento científico suficiente para ser realizada com segurança.
Essa técnica é maravilhosa e vem para contribuir com a medicina atual na prevenção e tratamento de doenças. Mas como tudo, deve ser feita com indicação e conhecimento.
Autoria: Profa. Dra. Daiane T. Meneguzzo, Co-fundadora de Allaser, Professora de Habilitação em Laser da Faculdade SLMandic e Coordenadora do curso de ILIB/Laserterapia Sistêmica e demais cursos promovidos pela Allaser Cursos.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4705049165657236
Literatura Complementar:
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